quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A ÉTICA DOS OUTROS E A NOSSA ÉTICA*


Jorge Leandro Aquino de Queiroz**

As constantes denúncias de corrupção que afetam a nossa sociedade, especialmente nas áreas da política e do direito, nos levam geralmente à reação imediata de questionar a eticidade dos indivíduos envolvidos.
Indignamo-nos, então, e, embora duvide da veracidade desta indignação, não vou aqui questioná-la. O que me interessa perguntar é: Por que nos ofendemos tanto com a falta de decoro dos políticos e magistrados e damos tão pouca atenção a atos que praticamos cotidianamente?
Poderíamos, então, nos justificar dizendo que essas pessoas deveriam servir de exemplo; mas aqui cabe a pergunta: Por que não podemos nortear nossa conduta com base em nós mesmos?
A atitude ética exige, afinal, um comportamento autônomo. Devemos observar e questionar, inicialmente, os nossos próprios atos e, a partir desta reflexão, agir na sociedade. Essa atividade reflexiva, entretanto, não é fácil de ser realizada.
Não questionamos nossas ações cotidianas, muitas vezes, por julgá-las desimportantes para a ética social. Não consideramos, na maioria das vezes, que desrespeitar a ordem das filas ou ignorar problemas que ocorrem ao nosso lado também são atos de corrupção (em escala menor, mas são). Isto ocorre, em grande parte, porque procuramos nos excluir dos problemas e manter-nos “íntegros” perante nós mesmos, escondendo nossas responsabilidades atrás de críticas e demonstrações de indignação.
Acredito, pois, que devemos questionar os problemas éticos da sociedade de uma forma mais ampla, incluindo-nos neles e não vendo tudo como um “auditor”; devemos, dessa forma, buscar nossas responsabilidades e possibilidades de ação.


* Artigo de opinião produzido como requisito avaliativo da disciplina Língua Portuguesa.
** Aluno da Licenciatura em Química do IFRN – Campus Pau dos Ferros.

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